ARTIGO*
Não faz muito tempo, o HSVP-Hospital São Vicente de Paulo, de Bom Jesus de Itabapoana, saiu de um coma profundo, depois de longa permanência na UTI financeira, prestes a falecer por inanição. Mas sobreviveu. E mais do que isso: reagiu, cresceu, modernizou-se e tornou-se uma das principais referências hospitalares do estado do Rio de Janeiro e do país.
Durante a pandemia de Covid-19, salvou centenas de vidas em sua Unidade de Terapia Intensiva, e no Pronto Atendimento, quando muitos serviços colapsaram em toda a parte. Em abril de 2021, chegou a operar com 55 leitos de UTI exclusivos para Covid-19 pelo SUS, ampliando significativamente sua capacidade de resposta em meio à inesquecível e dolorosa emergência sanitária.
Hoje, o HSVP conta com 104 leitos, sendo 25 habilitados pelo Ministério da Saúde, com custeio integral via SUS, e outros 79 voltados para atendimento por convênios e serviços particulares, e um processo para ampliar o número de leitos também habilitados pelo SUS está em andamento.
Na hemodiálise, mantém um setor com 34 cadeiras — 29 em funcionamento diário e cinco reservadas para manutenção, assegurando a continuidade do serviço mesmo diante de eventuais falhas técnicas. A recente entrega de 24 novos leitos destinados à esta especialidade, é uma melhora no contexto regional da unidade no tratamento de pacientes renais crônicos.
O hospital mantém um grupo de cerca de 1.000 colaboradores em atividade, dentre médicos, enfermeiros, técnico, profissionais administrativos e de apoio. Além de servir como base de formação acadêmica para estudantes de Medicina e outras áreas da saúde, ampliando a influência na qualificação da mão de obra especializada.
Ao atender pacientes dos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, e de outros,o São Vicente gerou mudanças sociais e econômicas visíveis, transformou a cara da cidade, impulsionou o mercado de trabalho no Vale do Itabapoana, incluindo as cidades capixabas mais próximas, elevando a autoestima geral.
No entanto, a magnitude desse crescimento passou a incomodar, a unidade, que se manteve estável mesmo em tempo de escassez, tornou-se alvo de crítica política. A população, perplexa e triste, principalmente quem teve pelo hospital, a própria vida preservada ou a de um parente, questiona o motivo do rumor, surpreendente, pela importância, seriedade e história de superação da instituição.
Dentro da unidade, a rotina incessante continua. A administração, calejada em extrair leite de pedras, munida de legalidade, mantém a serenidade diante do ruído externo. A resposta surgiu na forma de apoio silencioso, porém firme, de pacientes, funcionários e cidadãos, que formaram um escudo simbólico em torno da instituição, algo que só se constrói em tempos de tensão provocada por terceiros alheios à comunidade.
Como ensina o ditado repetido nas esquinas da cidade: “Não se atiram pedras em árvores sem frutos”. E o Hospital São Vicente segue firme, produzindo, servindo e sustentando uma região inteira, com raízes profundas, galhos largos e frutos visíveis.
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*Dedicado à duas pessoas queridas que foram salvas pelos profissionais do HSVP

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