ARTIGO NINO BELLIENY
Nas últimas eleições e continuando pela rotina administrativa, a comunicação de políticos e gestores públicos se concentraram bem mais nas redes sociais. De fato, plataformas como Instagram, Facebook, TikTok e X oferecem alcance rápido, interação direta e grande potencial de engajamento. No entanto, confiar exclusivamente nesse canal cria uma bolha que não alcança 100% do público, mas somente a seguidores, simpatizantes de tudo o que o dono do perfil faça.
Parte significativa da população não busca as redes perfis de políticos, acessa as páginas de forma pessoal, escolhendo o que deseja ver, e acaba não recebendo informações essenciais, mas o que o algoritmo manda.
Esse fenômeno, conhecido como “comunicação em bolha”, é apontado por especialistas em mídia como um dos grandes desafios da atualidade. Como explica Manuel Castells, em Redes de Indignação e Esperança (2013), as redes sociais funcionam como um espaço poderoso de mobilização, mas também apresentam limites de alcance e riscos de fechamento em circuitos restritos.
A aposta em fórmulas que rendem curtidas e visualizações pode gerar resultados imediatos, mas, ao serem repetidas em excesso, tornam-se previsíveis e esvaziadas de conteúdo. O risco é transformar a mensagem política em entretenimento descartável, desconectado das necessidades reais do cidadão.
E quando há uma crise ( sempre há) são os canais independentes os primeiros a serem lembrados, então, porque esperar pela necessidade urgente se a relação pode ser mantida de modo saudável, com envio constante de releases e comunicados para todos os jornalistas, do entorno ou fora?
Há ainda outro ponto crítico: quando surgem críticas, parte dos políticos prefere restringir comentários em suas páginas ou apagar questionamentos. A prática, embora simples de executar no ambiente digital, enfraquece a credibilidade e mina a confiança.
Mais do que controlar a narrativa, o caminho saudável é o da resposta transparente, reconhecendo falhas quando necessário e explicando decisões de forma clara.
Canais tradicionais e regionais, como rádios empresariais ou comunitárias, TVs, jornais impressos, revistas, blogs, podcasts e portais de notícias locais, continuam tendo maior relevância. Eles atingem públicos diferentes e ajudam a diversificar a comunicação. Não só políticos, mas empreendedores e empresários perdem em não pensar assim.
A criatividade também pode ser melhor explorada em campanhas que dialoguem com a realidade local, aproximando o político da comunidade e valorizando a pluralidade de vozes.
A construção de uma comunicação pública eficiente passa pelo equilíbrio: usar as redes sociais como aliadas, porém sem descartar os meios que ampliam o alcance e consolidam a mensagem. O desafio é sair da bolha e garantir que a informação circule de forma democrática, acessível e responsável. E não canse com o público, eleitor ou não, como dancinhas da moda no TikTok.
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